Em toda o Planeta, cresce a demanda pelo atendimento médico virtual em razão da pandemia de Coronavírus. Na China, as novas tecnologias foram determinantes para conter a evolução. A distâncias quilométricas, milhares de atendimentos eram realizados on-line. Breves consultas eram suficientes para a triagem de casos simples, que exigem descanso e prescrição de medicamentos, daqueles em que era de fato necessário apoio médico-hospitalar.
Taiwan, Tailândia, Japão, Coréia do Sul, França, Canadá e Estados Unidos também recorrem às novas tecnologias em saúde para estancar o avanço do COVID-19. E no Brasil? Estamos prontos para uma intervenção desse nível, o que provavelmente parece que será prudente?
Realidade brasileira
Em nosso País, de forma preocupante, a Telemedicina parece ainda engatinhar. Ao menos no campo regulatório, em que data de 2002 a mais recente normativa do Conselho Federal de Medicina sobre o tema.
O atraso, no tempo e no espaço, explica resultado de recente pesquisa realizada pela Associação Paulista de Medicina, com 2.258 médicos brasileiros, das 55 especialidades, sendo 60,54% de sexo masculino e 39,46% feminino.
Para 43,76% dos entrevistados, a falta de regulamentação é a grande barreira na utilização de ferramentas de comunicação on-line para assistir ao paciente. Outros 32,11% entendem que não existem barreiras e dizem que utilizariam as ferramentas.
64,39% dos médicos querem uma regulamentação que permita a ampliação de serviços e atendimentos à população brasileira, incluindo a teleconsulta (médico direto com o paciente). Já 63,06% utilizariam a Telemedicina como uma ferramenta complementar ao atendimento da clínica/hospital, a partir do momento em que houver uma regulamentação oficial do CFM e com os recursos tecnológicos necessários para segurança e ética da Medicina. 25,16% talvez utilizariam, sem se opor, e apenas 11,78% não utilizariam.
Aliás, 90% dos médicos acreditam que as novas tecnologias digitais, que possuam alto padrão de segurança e ética, podem ajudar a melhorar a assistência em saúde à população.
A pesquisa da APM começou a ser divulgada há uma semana (no dia 10 de março), sendo levada à comunidade médica e agora a todos os órgãos de imprensa. A base de dados utilizada contemplou os médicos associados da APM e de associações médicas parceiras de vários pontos do Brasil. O questionário foi aplicado por meio da ferramenta Survey Monkey.
Dados mostram ainda que 90% dos profissionais também entendem que o sistema público de saúde poderia ser beneficiado com novas ferramentas tecnológicas digitais capazes de diminuir as filas de espera por um atendimento especializado.
Dados a se destacar
As informações mostram que os médicos têm endossado muito mais a interação com os pacientes por meio de tecnologias. 65,19% deles utilizam o WhatsApp (e aplicativos similares) para interagir com o paciente e/ou familiares fora do atendimento na clínica ou no hospital. Outros 16,83% mantêm interação por telefone, enquanto 5,67% optam pelo e-mail. Apenas 11,51% dos pesquisados não utilizam nenhum meio de comunicação fora das consultas.
Desta maneira, somando os porcentuais relativos às formas de diálogo entre médicos e pacientes via aplicativos de mensagens, e-mail ou chamadas de voz por telefone, 88,49% dos participantes acompanham seus pacientes além do atendimento presencial. Para 58,50% dos pesquisados, o uso de ferramentas de comunicação com pacientes é diário, enquanto 24,84% utilizam algumas vezes na semana.
Por outro lado, as horas dispensadas pelos médicos no contato extra consulta (independente da forma) ainda deixam 99% dos profissionais sem saber como seria o estabelecimento de remuneração ou se haverá a consolidação do entendimento de que o custo está embutido na consulta presencial.
Em termos de Telemedicina, a Telerradiologia foi apontada como a forma mais conhecida entre os médicos (76,75%), seguida pela Telecardiologia (45,53%). Entre os diversos tipos de atuação citados, 30,7% dos pesquisados afirmaram que já utilizam alguma forma de Telemedicina.
Ainda de acordo com o levantamento, 60,98% dos médicos utilizam tecnologia em seus consultórios e/ou hospitais para o armazenamento de informações do paciente e 39,02% afirmam não usar nenhum tipo de tecnologia. A ferramenta tecnológica mais usada no cotidiano das clínicas e hospitais ainda é o prontuário eletrônico, com 48,10%; softwares de gestão de consultórios para agendamento de consultas vêm em seguida, com 18,4%; e armazenamento de dados em HD ou nuvem soma 17,5%.
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