Muita gente vem se perguntando para que serve, afinal de contas, a governança corporativa. Pois várias empresas reconhecidas como modelo por seus pares, se envolveram em escândalos recentes ou vem sofrendo abalos nesta crise atual.
Então vem a pergunta: a governança não resolve todos os meus problemas? Eu, com quase 20 anos de experiência na área e anteriormente em finanças, afirmo, meu caro e ingênuo leitor: não! Ela nem foi desenhada para isso; como costumo dizer: não existe uma governança Tabajara (lembram-se? Seus problemas acabaram; comprem produtos Tabajara…). O que aprendemos no mundo empresarial e de consultoria é que se você automatiza um processo problemático, a única certeza é que os erros ocorrerão mais rapidamente, pois agora o processo é mais curto. Você não conserta um problema automatizando-o; logo, não pode “melhorar” uma empresa simplesmente porque instalou um conselho consultivo ou de administração.
Costumo dizer que o conselho de administração dá o tom (para o bem e para o mal) de uma organização; se for composto por profissionais de alto calibre e experiência, mas também com liberdade para trabalhar e sem interferências políticas ou familiares, pode, sim, ser a solução para os seus problemas; mas não estou afirmando que todas as empresas devem instalar um conselho de administração ou consultivo, para funcionar melhor.
Tampouco estou dizendo que todas precisam das mesmas respostas, afinal, as perguntas são diferentes para cada uma; é possível que a solução para uma empresa seja a retirada da família da gestão; para outra, pode ser simplesmente a profissionalização da família; outra ainda pode se beneficiar da simples instalação de um conselho consultivo; ou seja: aquela velha máxima ainda é válida: não existe um sapato que sirva a todos os tipos e formatos de pé.
É possível, portanto, que uma organização precise de mais gestão, outra de mais governança, outra de otimização de processos; outra pode se beneficiar da troca de pessoas; outra ainda pode ver sua performance melhorar com a adoção de algumas poucas práticas de governança; enfim, e sem querer recorrer a um chavão conhecido, mas neste caso ele é aplicado: cada caso é um caso, ou como dissemos no título: não existe uma governança ideal, que sirva a todos, mas uma governança que você precisa em sua organização, neste momento. Até porque em outro estágio as respostas serão outras e as perguntas ou demandas, certamente também serão diferentes
Em resumo, procure instalar as práticas necessárias que sua organização demanda neste momento de crise e não a que ela vai precisar no futuro, pois como se sabe: o curto prazo (sobrevivência) vem antes do longo prazo (crescimento e estabilidade).
Carlos Alberto Ercoliné professor da disciplina de Governança Corporativa e Conflitos de Agência do Programa CFO UP IBEF-PR, na Universidade Positivo; é professor também de vários programas de pós-graduação no Brasil, Argentina e Caribe; coordenou o Capítulo PR do IBGC; é Conselheiro de Administração e Fiscal em várias empresas.
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