E estamos chegando a seis meses de pandemia. Quando muito pouco se sabia, atravessamos momentos de verdadeiro pavor, angústias e dúvidas. Agora, embora se saiba mais, ainda vivemos dias e horas muito preocupantes e cada um tem sua própria história a contar.
Uma prece inicial, sempre, aos que sofreram e sofrem e aos que nos deixaram saudades. Nesse período, o Brasil perdeu 130 mil pessoas e do mundo partiram 920 mil. Pessoas, não números. Jamais números. Um olhar amigo aos que dedicaram suas vidas a desconhecidos, colocando-as em risco. Heróis de branco. A eles nossa gratidão – expressão mais próxima do que sentimos por todos, mas que não traduz toda a nossa afeição.
Em março sentimos que algo muito sério tínhamos pela frente e que precisávamos estar atentos. Mais que atentos, precisávamos agir. Não se enfrenta uma pandemia sozinho. Ouvimos, erramos, corrigimos e… agimos. Não havia e não há regras, nem caminhos mágicos, nem certezas. No Judiciário de São Paulo, da primeira licença compulsória até o sistema 100% remoto de trabalho transcorreram poucos dias, e, pelas mãos seguras de nossos servidores e magistrados, passamos a trabalhar em casa. Timidamente, no começo, é verdade. Mas, em pouco tempo, já trabalhávamos com desembaraço. Parecia que sempre estivemos prontos para esse momento.
Se os nossos amigos e colegas de convívio diário não estavam próximos, os víamos em nossas telas e podíamos interagir com cada um. Afinal, a Justiça é feita por pessoas e para pessoas e, contrariando os mais pessimistas prognósticos, aqueles que não viam a possibilidade de um Judiciário produtivo com teletrabalho, fomos nos adequando à nova realidade e nos aproximando, até termos a impressão, ficta embora, de que estamos diariamente juntos.
Tivemos dificuldades para implantar o 100% remoto, sem dúvida. Afinal, tudo era novo e o nosso contingente humano – seja o formado por aqueles que atuam no oferecimento da prestação jurisdicional ou o contido no público que frequentava nossas unidades – era gigantesco e merecedor de toda a nossa preocupação. Afora o trabalho técnico, impecável, que nos permitiu dar início e a ele prosseguir, o trabalho remoto funcionou pelo compromisso indiscutível de cada um de nós, uma Família forte e bem constituída, formada por pessoas que querem o bem das outras e trabalham por essa razão. Seis meses se passaram e a chama da esperança, a vontade de ajudar, o apoio de cada um só se fizeram crescer. E aqui estamos nós, avançando anos e anos, vários biênios. Juntos!
Um destaque especial para os integrantes do Conselho Superior da Magistratura. Todos se uniram nas certezas e incertezas e deram um norte seguro ao Tribunal de Justiça de São Paulo, a seus magistrados e a seus servidores. Disso nunca esqueceremos, disso nunca esquecerei.
Também não podemos nos esquecer – jamais – da satisfação de cada um de nós pelos resultados obtidos, quantificados a cada segunda-feira, que mostraram, e continuam mostrando, o quanto nos importamos com os outros, com os que dependem de um despacho, uma sentença ou de um acórdão para seguir em frente na busca da paz.
Imperioso o Tribunal seguir seu rumo e não havia apenas a pandemia para tratar. E seguimos, como se tudo estivesse em normalidade. Dificuldades orçamentárias foram enfrentadas, os contatos com os demais Poderes do Estado de São Paulo, com os outros Tribunais, com as diversas Instituições sempre mantidos. Tudo continuou, inicialmente pela via remota, agora também pela via presencial. O interesse público sempre deve prevalecer e o interesse do cidadão deve estar acima de tudo.
O passo seguinte foi pensar na retomada. Muitas ideias, debates com responsabilidade e fundados em orientações médicas. Advieram o Provimento 2.564 e as anexas notas técnicas, que nos orientam e nos dão um caminho certo. Ouvimos todos e investimos muito de nosso custeio para proteger servidores e magistrados, diretamente, e advogados, defensores públicos, promotores de justiça e cidadãos indiretamente. E estamos caminhando com segurança.
De tudo isso, algumas certezas: passamos a olhar a vida de outra forma, melhor e mais pura; passamos a dar mais valor aos outros e a nós mesmos; entendemos que a humildade é uma virtude, jamais uma diminuição, e passamos a amar mais o próximo.
E uma certeza minha: o Poder Judiciário de São Paulo é integrado por homens e mulheres que se dedicam à causa pública e ao cidadão e que orgulham o povo paulista.
Saibam de meu imenso apreço e respeito.
Prosseguimos, juntos. Sempre!
Geraldo Francisco Pinheiro Franco
Presidente do TJSP
Fonte: TJ/SP
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